
Entrevista do governador Aécio Neves
Evento: Abertura da Superagro 2009
Local: Expominas
Data:
Assuntos: Superagro, Eleições 2010, entrevista ao Canal Brasil, encontro com governador José Serra, PSDB, pesquisas eleitorais e divulgação de indicadores de crimes violentos
O senhor não ficou com medo de cair do cavalo(durante passeio pelas exposições da Superagro)?
Não ia ser no último ano que eu ia cair do cavalo. É uma forma também da gente prestigiar a alta qualidade dessa exposição. Tem gente aqui do Brasil inteiro. Este ano teve que ser feita em dois turnos devido à quantidade enorme de animais e é muito importante que Belo Horizonte e Minas Gerais regatem um pouco dessa vocação também de um centro de excelência na criação de animais nelores, como vimos aqui, pôneis, pega, uma variedade enorme de animais que mostra a pujança do agronegócio.
Hoje eu vou falar um pouco sobre a importância do agronegócio para Minas Gerais e para o Brasil. O superávit da nossa balança comercial se deve muito ao campo, à agricultura e ao agronegócio em especial e temos que fazer parcerias como estamos fazendo aqui, que estimule a comercialização desses animais. Essa é a quinta edição da feira. Nós iniciamos no nosso governo, há muitos anos não havia essa feira e hoje é quase impossível conseguir uma área para um novo expositor dada a importância que essa exposição ganhou com gente do Brasil inteiro.
Estou muito feliz com o nível da Superagro na sua quinta edição e espero que continue para além do nosso governo.
Em uma entrevista ontem, em Brasília, o senhor admitiu que o Serra ganha as prévias. O senhor está jogando a toalha?
Eu não sei que entrevista é essa. O que eu disse, obviamente, dentro de uma entrevista muito ampla, se vocês virem a entrevista inteira vão compreender isso, que hoje se você analisar as pesquisas o Serra tem maior probabilidade eleitoral, mas isso não significa que daqui a três meses o quadro vai ser esse, que daqui a seis meses, quando fizermos uma avaliação mais geral com relação inclusive com a possibilidade de construirmos alianças, o quadro vai ser esse.
O que eu disse e talvez isso não tenha saído nos jornais, pegaram apenas uma frase de uma entrevista de uma hora, é que hoje, dentro do PSDB, qualquer analista e vocês mesmos diriam que o Serra tem maior probabilidade. Não quer dizer que no momento da decisão isso prevaleça.
Ao contrário, o que eu tenho percebido é que há um número expressivo, e vocês também tem acompanhado isso, de forças políticas, de partidos políticos, de lideranças políticas que gostariam de uma nova concertação.
Na entrevista, eu disse isso com muita clareza. O que eu tenho buscado para o Brasil é uma nova convergência, é uma nova concertação política, que fuja dessa radicalização e dessa polarização, que coloca de um lado o PT e seus aliados e de outro o PSDB e seus aliados e quem perde a eleição vai para a oposição radicalizada, impedindo que os avanços que o Brasil precisa ocorra.
Eu estou extremamente animado com as manifestações que eu tenho recebido de lideranças políticas como o PDT nesta semana, de setores do partido, como a ala feminina do partido ontem em Brasília, vamos estar amanhã no Paraná e continuarei percorrendo esse caminho. Não apenas para viabilizar uma candidatura, mas para ajudar o PSDB a chegar à vitória construindo um projeto para o país, construindo um novo discurso para o país, portanto, hoje o meu sentimento pessoal é de extremo ânimo com os estímulos que eu tenho recebido.
O crescimento da ministra Dilma nas pesquisas assusta o partido?
Não, acho que ele é esperado. Nós não podemos, nós que temos pretensões de voltar a governar o Brasil não temos que ficar assustados com a posição do outro lado, acho até que ela está num patamar aquém daquele que ela chegará até o final do ano, nós temos indicadores de pesquisas que mostram que uma candidatura do PT, apoiada pelo presidente Lula, chegará a um peso de 30%, e ela ainda alcançará esse piso.
A partir daí, é o que tenho dito, aí depende exclusivamente da candidata, ou do candidato, da capacidade de convencer, dos debates, do enfrentamento dos adversários. Então acho que nós estamos numa posição extremamente positiva, vamos continuar fazendo o que nós estamos fazendo que é percorrer o país, discutindo idéias e projetos, e a partir de dezembro, vamos definir quem será o nosso candidato. Mas essa decisão terá que ser tomada pelas bases do partido, é o que tenho defendido.
Sobre o encontro com o José Serra.
Nós vamos ter uma agenda administrativa, vamos assinar alguns acordos de substituição tributária que permitirá a arrecadação na origem de determinados setores da nossa economia, o que significará um inibidor muito grande à fraude, à sonegação.
E por outro lado também um facilitador, uma desburocratização na questão fiscal. Portanto, é um acordo que nós vamos celebrar com São Paulo, outros já foram feitos com outros estados, e acho que é um avanço também na relação do governo.
Em quais setores?
Nós vamos anunciar apenas amanhã. Hoje nós estamos finalizando, porque não são todos os setores, está havendo uma discussão da qual tem participado a Federação das Indústrias, a Associação Comercial, nós vamos anunciar apenas amanhã. E em seguida, vamos aí sim, para um evento partidário, no Paraná, para falar exatamente sobre o que nós falaremos aqui hoje, sobre o agronegócio, da importância da agricultura, da sua qualificação. A importância de nós investirmos em qualidade, em produtividade.
Sobre indicadores de violência.
Eu quero falar sobre um assunto também que hoje foi anunciado pela manhã pelo secretário Maurício Campos, que acho que é motivo de orgulho para todos nós mineiros. Nós voltamos, pelos indicadores hoje anunciados pela Fundação João Pinheiro, no que diz respeito aos crimes violentos
Nós temos no ano de 2009 os indicadores dos crimes violentos, e os detalhamentos vão ser passados para vocês com todos os gráficos, nós voltamos aos patamares de 1999 e 2000. Portanto, há dez anos. Esse era um objetivo. Se vocês buscarem aí, recordarem as minhas falas no início do governo, é que nós voltaríamos até ao final do mandato, uma década atrás.
Portanto, assumimos o governo em 2003, com indicadores de criminalidade muito altos e estamos chegando em 2009 com os indicadores de 1999, por exemplo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Eu dou muita ênfase a isso porque é a comprovação de que o esforço que nós fizemos de unificação, de trabalho em conjunto da Polícia Civil, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, tem trazido resultados extremamente importantes para o Estado. Esse é um dado efetivamente para comemorar.
Nessa madrugada o chefe do Ceresp foi descoberto como autor de assassinatos. O senhor já tem conhecimento disso?
Esse problema já está sendo investigado. Eu tive as primeiras notícias. Esses problemas se ocorrerem, tem de ser investigados e punidos com absoluto rigor, mas ele não mascara, não tira a importância daquilo que nós estamos dizendo aqui.
Os crimes violentos
Nesse mesmo programa de televisão o senhor falou da importância das alianças e chegou até falar da aproximação com o PT principalmente aqui
Eu disse no programa, se vocês assistiram, com muita clareza que a aliança que eu fiz aqui com o prefeito Pimentel para eleger o companheiro Marcio Lacerda, foi feita porque nós tínhamos a compreensão de que o Marcio, era como está demonstrando ser, eu disse exatamente esta frase no programa, a melhor alternativa para Belo Horizonte.
Nós sabíamos que existiria no passo seguinte uma dificuldade de estarmos juntos porque o prefeito Pimentel é do PT, apoiará naturalmente a candidatura do seu partido e eu estou no outro campo político. Mas nem por isso, somos inimigos políticos. Nem por isso nós não nos damos. E acho que nós mantemos uma relação que ajudará o Brasil a construir uma agenda que precisa ser construída.
O que eu quero e meu papel nesse processo político é exatamente tentar construir essa nova convergência. Quem sabe se não é possível no processo eleitoral, pelas dificuldades naturais que nós temos, talvez seja possível a construção desta agenda.
Porque a agenda que o PT propõe hoje, depois de governar o Brasil por praticamente oito anos, não é muito diferente daquela que o PSDB propunha lá atrás. Então, temos de tirar esse jogo da disputa pelo poder da condução das nossas ações. Será que será eternamente isso? A disputa pelo poder é que vai nortear as nossas ações? O PT vai ficar de um lado aliado com partidos com os quais ele tem menos identidade do que com o PSDB e daí por diante?
Então, o que eu tenho proposto é o seguinte: uma campanha sem radicalismos, onde um projeto do Brasil pós-Lula tenha prioridades. Portanto, eu vou perseguir nessa caminhada e vamos deixar que ao final, tanto o meu partido, em primeiro lugar, com relação a nossa candidatura, defina quem será o nome, para que depois a população brasileira defina quem será o presidente.
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