Entrevista do vice-governador Antonio Anastasia após a reunião com a diretoria do Fecomércio

Assuntos: Crise econômica, empregos em Minas, Vetor Norte e Gripe A.
Vice-governador, o Senhor disse aos empresários que, agora, é recuperar da crise econômica. O senhor acha que a crise está sob controle?
A crise financeira, na questão do crédito, aparentemente foi a primeira a se solucionar, mas ela repercutiu na chamada economia real, comércio, indústria e serviços, e repercutiu de maneira mais forte em alguns segmentos que outros. Em Minas Gerais, como sabemos, a mineração e a siderurgia sofreram muito. Felizmente, o comércio sofreu menos, em algumas regiões do Estado, até não sofreu nada. Mas, de fato, tivemos queda em diversos segmentos, e eu disse aqui, nesse almoço, que de fato nós estamos em um processo de reversão. A produção está voltando, a economia real está voltando a produzir, quase nos mesmos índices do passado, mas o valor dos produtos caiu, na média, um terço. Então, se aquela empresa, por exemplo, produzia, antigamente, mil produtos, e vendia esses mil a R$ 1 milhão, ela voltou a produzir esses mil, mas os vende, agora, a R$ 700 mil. Então, de fato, houve uma queda nos valores de faturamento. Então, nós vamos demorar um pouco a voltar àqueles índices de 2008, talvez só no segundo semestre do próximo ano.
Foi divulgado, nacionalmente, que o emprego em Minas está estagnado. Essa é a realidade?
Nos outros estados há uma queda. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), nós temos o melhor índice de empregos, em relação às outras, exatamente em razão do serviço e do comércio. E nós precisamos agora, aos poucos, com a retomada da economia, e das atividades produtivas, eu tenho certeza de que vai crescer o emprego formal. Agora, a preocupação, e isso depende muito da economia globalizada, é voltar o valor das mercadorias, como era anteriormente, para termos bons faturamentos para as nossa empresas, e por consequência, também melhorarmos a receita do Estado.
Hoje, a Câmara Americana de Comércio disse estar preocupada com esse embargo do MP Federal em relação ao Aeroporto Industrial de Confins, e que não tem justificativa para aquilo, que todo licenciamento ambiental necessário foi feito, mas que a Infraero tem que se empenhar agora para quebrar esse embargo. Como que está esse empenho judicial?
Na realidade, é algo que nos espantou. Todas as tratativas foram feitas, as licenças foram dadas, o secretário (de meio Ambiente) José Carlos acompanhou tudo em detalhes, e nós fomos surpreendidos com essa decisão da esfera federal. Mas o Governo de Minas já entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente e demonstrou, de maneira cabal, que não há ali nenhum prejuízo, até porque, a pouco mais de
O Sítio Arqueológico de Lagoa Santa está sendo preservado com essas obras?
Totalmente. Inclusive, o Estado está investindo R$ 10 milhões de reais na chamada Linha Lund, exatamente preservando e melhorando, não só a questão arqueológica em Lagoa Santa, mas também na região de Cordisburgo, em Sete Lagoas, toda essa zona que temos aqui na Região Central, muito rica. Jamais o Estado tomaria qualquer medida que pudesse colocar a região em risco. Até porque não é uma obra grande, é uma obra pequena. E estuda-se também, nesse momento, e vamos ter que discutir esse assunto também, a expansão do Aeroporto Internacional, inclusive para a Copa do Mundo de 2014. Ele tem que ser completamente diferente do que é hoje, novos terminais, novas pistas, e isso tem que ser discutido com a preservação do meio Ambiente, como podemos fazê-lo naquela região.
Em relação à Gripe A, o Comitê decidiu não adiar o recesso escolar, e o retorno às aulas está mantido para o dia três. Só que o Boletim da Secretaria de Saúde não demonstra o número real de casos suspeitos, descartados e confirmados até o momento. Os números ficaram estagnados. Há uma certa burocracia na informação entre prefeitura, Estado e Ministério da Saúde, o número é muito superior ao que foi divulgado até o momento, ou seja, não é realidade da Gripe A no Estado que está sendo divulgada. Numa semana de volta às aulas, como o Sr. vê essa dificuldade de informação de uma pandemia?
É, de fato, a estrutura federativa tem desses percalços. Mas já há um entrosamento positivo, o comitê está se reunindo permanentemente, ontem eu falei com o secretário de Saúde, ele estava despachando, ele ia despachar hoje com o Sr. Governador, para levar informações técnicas, do Comitê, que é um Comitê interdisciplinar, com várias secretarias, para que o Sr. Governador decida inclusive a questão das aulas. Mas o que é importante, é que nós temos uma situação, que inclusive, o papel da imprensa é fundamental, que é um papel de alerta, de cuidado, para que não haja pânico. É necessário que as pessoas tenham informação sobre a doença, mas de fato não há necessidade de pânico, de um temor exagerado. Mas, agora, as cautelas têm de ser tomadas. E o Comitê está informando isso pelo secretário de Saúde ao seu governador, para que haja uma decisão a respeito do período letivo. Alguns estados já adiaram, e isso vai ser resolvido. Mas eu estou confiante de que há um bom entrosamento e que todas são tomadas. Minas Gerais, inclusive, foi o Estado que, no início da gripe, tomou medidas mais enérgicas, exatamente com o objetivo de evitá-la, e nós vemos, ainda que os números sejam um tanto conflitantes, que o quadro do nosso Estado não é tão grave quanto outros estados da Federação. O que também não nos tranqüiliza. Nosso objetivo é que não tenhamos nada aqui no Estado, e estamos trabalhando para melhorar a situação.
O secretário está levando ao Governador todas essas informações para a decisão do Governador. Mas é muito importante observar, pelo que tem mostrado a experiência, que essa gripe tem o primeiro efeito nos grandes centros. Então a expansão para o interior nesse momento tem que ser melhor do que na capital. É um dado claro.
Então o sr. não acha que não tem estrutura? Eles estão reclamando disso, os postos estão despreparados, não tem hospital, não tem CTI, não tem UTI para atender rapidamente os casos que estão chegando à morte.
Mas, aí vão para os hospitais regionais. Nós criamos uma rede de hospitais pelo Estado inteiro, através do Prohosp, exatamente para evitar que isso aconteça (fluxo de pacientes para a capital). Mas, a gripe, ela se dissemina nos grandes centros, então, naturalmente, evidentemente que os dados da capital são mais, digamos assim, mais atualizados, eles refletem o Estado. E temos uma situação que, é claro, não é uma situação que gostaríamos de ter, gostaríamos de ter zero caso, mas a situação do Estado em relação a outros estados é uma relação que temos que estar muito atentos para evitar que aconteça. Acredito, inclusive, que Minas Gerais está sofrendo, nesse momento, um inverno muito quente, o que nos ajuda, ao contrário dos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná que estão tendo invernos muito rigorosos; esse clima quente favorece ao Estado, há uma atenção maior ao Sul de Minas onde o clima frio é um pouco mais pronunciado, ainda que esta semana também o calor esteja presente naquela região.
Volto a dizer que não devemos ter de fato nenhuma situação de pânico e podemos ter tranquilidade que o Governo está tomando essas medidas e que a rede criada ao redor do estado é uma rede bastante eficiente que dará sustentação para o enfrentamento dessa pandemia.
Então para os pais e professores uma decisão pode ser anunciada aí nas próximas 24h?
É verdade. Qualquer decisão será anunciada de maneira pública nas próximas horas em razão do que o comitê está submetendo às autoridades.
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