Publicado na Folha de
S.Paulo – 21-05-12
Eventos de porte que têm como base a economia criativa florescem país afora. Amanhã o Fashion Rio abre suas portas, antecipando-se, em duas semanas, ao São Paulo Fashion Week. Há pouco foi encerrado o Minas Trend Preview.
São exemplos do crescimento exponencial
de uma atividade econômica que, sem perder o fio de sua origem, a de um
artesanato nascido de talentos criativos, expandiu-se como negócio amplo e
relevante, gerador de milhares de empregos qualificados e de alto valor
agregado.
Há algum tempo os potenciais dessa nova
economia vêm ganhando a respeitabilidade do mercado.
A crise de 2008 apressou o debate, ao
solapar as bases da economia tradicional e expor a fragilidade de segmentos
econômicos antes tidos como inabaláveis.
Ao se reacomodarem, pós-crise, pôde-se
observar que essas inovadoras áreas produtivas, até então desprezadas na
hierarquia da economia tradicional, dispõem de fôlego e vitalidade surpreendentes.
O que elas têm em comum é o insumo da
liberdade, da cooperação e da criatividade. Estão mais para software do que
para hardware.
A moda, a informática, a comunicação, a
música, o cinema, a arte e o design pontuam nesse campo. Reivindicam, no começo
de século 21, com justiça, um protagonismo que antes lhes fora negado, sempre
no incômodo papel de figurantes à reboque das locomotivas da velha economia.
Estatísticas da Unctad, a Conferência
das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, indicam que, nos primeiros
anos da década, os bens e serviços criativos cresceram no mundo a uma taxa
surpreendente, quando comparada à manufatura convencional. São números
pré-crise. Tendem a crescer ainda mais.
O turismo é outro exemplo. Tanto na
França, primeiro destino do mundo, quanto na Espanha, a atividade está entre as
que lideram os setores que produzem a riqueza nacional. O Brasil ainda não
descobriu esse potencial.
Às vésperas de grandes eventos
internacionais, somos reconhecidos pelo Fórum Econômico Mundial como o 1º país
em recursos naturais, o 23º em recursos culturais, mas ainda o 114º em
políticas e regulamentações de apoio ao setor.
A economia criativa encontra no Brasil
a hora e a vez para crescer e nortear os rumos da diferenciação do nosso modelo
de desenvolvimento. Pode -e deve- contribuir para a busca de novos modelos de
produção e consumo e, consequentemente, para um país e um planeta mais
sustentável.
O desafio central dos governos é
garantir as condições necessárias para que o novo continue a florescer. O
desenvolvimento requer a invenção do futuro, dizia Celso Furtado. E a invenção
do futuro exige ética e criatividade.
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