Artigo do Senador Aécio Neves
Publicado na Folha de
S.Paulo – 04-06-12
É inacreditável o 3º Balanço das Ações
do Governo Brasileiro para a Copa, divulgado dias atrás. Os projetos concluídos
até agora equivalem a apenas 1% dos investimentos programados. Nada menos que
41% das obras nem sequer começaram e 5%, apenas, foram concluídas. Comprova-se
uma vez mais o alto custo que o país vem pagando por uma gestão pública de
baixa qualidade.
Já que o problema do governo federal
não é a ausência de recursos, haja visto os números excepcionais da
arrecadação, é lamentável constatar que, na verdade, não consegue utilizá-los
com eficiência.
E não consegue por razões diversas, que
vão desde o aparelhamento político de funções estratégicas até a falta de
planejamento e definições equivocadas de prioridades, como o trem-bala que o
governo insiste em manter na agenda de possibilidades enquanto estradas e
ferrovias permanecem em estado de calamidade.
Felizmente essa não é a única realidade
do país. Recentemente, uma pesquisa mostrou que a modernização dos processos de
gestão está encontrando terreno fértil na administração pública. Começa a haver
mais espaço para metodologias e práticas inovadoras no campo do gerenciamento
nos governos estaduais, nas prefeituras e até mesmo na esfera federal.
O estudo foi feito pela Macroplan com
participantes de um congresso de gestão pública, especialistas no tema,
portanto. Entre os entrevistados, 57% consideram que os líderes de suas
instituições possuem elevada motivação para a profissionalização da gestão.
É, sem dúvida, uma boa notícia. Entre
os Estados que mais avançaram em gestão pública, na opinião dos entrevistados,
estão Minas Gerais (indicado por 71,4%), São Paulo (61%) e Paraná (33,8%). Na
lista de desafios, a pesquisa aponta a capacidade de planejamento de longo
prazo (44,2%) e a estruturação e execução de projetos (36,4%).
Uma parcela bem significativa (27%)
defendeu a implantação da gestão do conhecimento. De fato, essa seria uma
excelente conquista para o serviço público, que costuma jogar fora a
experiência acumulada por equipes inteiras, quando ocorre uma troca de ministro
ou de titular de órgão público. Conhecimento é patrimônio dos brasileiros e não
dos governos. E o tempo é ativo importante para quem tem a responsabilidade de
gerar resultados para a população. Não podemos ser reféns de eternos recomeços.
A falta de uma gestão eficiente custa
caro ao país. Abre caminho para o improviso, o desperdício e a corrupção. Faz o
Brasil perder tempo, recursos e oportunidades.
No caso da Copa, diante dos números
divulgados, todos nós, que torcemos muito pelo sucesso do evento, começamos a
torcer também para que o país não dê vexame na organização do Mundial.
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