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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Entrevista do governador Aécio Neves



Evento: Encontro com lideranças do Partido Democratas

Assuntos:

Eleições 2010, gestão pública e colunas do presidente Lula nos jornais

Local: Palácio das Mangabeiras

Data: 09/07/09



Queria dizer em primeiro lugar que Minas está em festa hoje recebendo as principais lideranças do Democratas, nosso parceiro histórico em Minas e no Brasil. Uma honra muito grande para Minas, mas para o governador, em especial, receber aqui o presidente dos Democratas, Rodrigo Maia, o líder no Senado, Agripino Maia, o líder na Câmara, deputado Ronaldo Caiado, o deputado ACM Neto, representante do Democratas na direção da Câmara, corregedor da Câmara dos Deputados, além dos companheiros mineiros, o presidente do partido, deputado Carlos Melles, o nosso companheiro deputado Marcos Montes, e o meu irmão, mineiro, governador do Distrito Federal que faz uma extraordinária gestão no Distrito Federal, e há uma identidade, uma parceria muito grande do governador Arruda com a nossa gestão aqui em Minas Gerais.


Temos tido parcerias inúmeras em diversas áreas. Ele tem estado conosco e eu tenho estado com ele permanentemente e a sua presença aqui é motivo de uma satisfação para mim muito especial. Ele representa o novo na administração pública brasileira.


Foi uma conversa naturalmente política também. Fizemos uma avaliação razoavelmente profunda do cenário político brasileiro. Falamos, com o Arruda em especial de algumas questões administrativas, e saímos todos com um sentimento de muita confiança no futuro, inclusive, nas nossas possibilidades futuras enquanto parceiros num projeto de um Brasil novo, de gestão pública mais qualificada, menos populista, de resultados mais concretos para as pessoas.


Então daqui para frente, acho que é muito importante que essas conversam continuem ocorrendo. Temos uma identidade muito grande no sentimento que temos do que precisa ocorrer no Brasil. O núcleo vigoroso da aliança que queremos até mais ampla para o processo sucessório de 2010 começa com o Democratas e o PSDB, em Minas e no Brasil.


Então essa conversa nos dá muita confiança de que saberemos trafegar nesses próximos meses afirmando cada vez mais as nossas posições e as nossas diferenças em relação ao governo central. Acho que existe a possibilidade concreta de termos êxito nesse embate futuro.


Então, foi uma conversa política. Agradeço de público o gesto dessas importantes lideranças, as mais importantes do Democratas, estarem aqui hoje.


É uma demonstração de deferência para com Minas Gerais e acho que é uma sinalização de que o Democratas, até porque o seu presidente e outras lideranças têm dito isso, o seu presidente tem enfatizado isso, já declararam a disposição de caminharem junto com o PSDB, respeitando a decisão que o PSDB vier a tomar na indicação de seu candidato.


Portanto, um momento político muito importante para nós. Acho que esse gesto do Democratas de apreço ao PSDB e a Minas Gerais, em especial, certamente terá desdobramentos no futuro.


Qual avaliação foi feita, o senhor falou que foi feita uma avaliação profunda do quadro político?


É, das nossas possibilidades, das etapas que nós temos que viver daqui por diante, dos eventos partidários que nós vamos realizar conjuntamente pelo Brasil afora. Já realizamos alguns e vamos realizar outros. Eu reiterei aqui a minha disposição, já disse em outras ocasiões e reitero aqui também, de continuar viajando pelo país, de construir uma agenda pelos próximos meses que me permita, in loco, está debatendo projetos, está conhecendo também, recebendo propostas de regiões as mais variadas do país. Nós estamos aqui sacramentando ou revitalizando essa disposição da parceria.


E uma análise, ao final, otimista. Nós temos a nossa estratégia, o governo tem a estratégia dele, mas nós temos que ter confiança de que nós vamos, no confronto, a partir das experiências administrativas que nós temos – e aqui o governador Arruda é um belíssimo exemplo disso – nós vamos criar um confronto político com o governo para demonstrar para a população brasileira que é hora de uma renovação de práticas, de métodos, com propostas novas e elas nascem dessa nossa parceria. Saímos daqui com uma avaliação de muita consistência.


Que práticas e métodos o senhor acha que atualmente são condenáveis?


Eu acho que, por exemplo, a gestão pública de qualidade é essencial para o Brasil avançar. Não há nenhuma medida de maior alcance social do que a boa aplicação do dinheiro público. Eu acho que o governo central, o governo federal deu pouca atenção à qualificação da gestão, deu muito mais atenção ao aparelhamento da máquina pública.


Então, eu acho que esses bons exemplos de gestão do PSDB serão muito importantes no nosso discurso. Política de desenvolvimento regional claras, a superação, por exemplo, no campo tributário da guerra fiscal extremamente perversa hoje para o Brasil. Questões como essas eu acho que possibilitarão um confronto lá adiante de posições, de visão do Brasil.


No Congresso Nacional essas reformas, alguns projetos que sejam de interesse da oposição podem virar motivo também para esse embate? Já está tendo?


O embate congressual – os líderes estão aqui, certamente eles terão a palavra também – ele é permanente, mas nós não temos feito uma oposição como o PT fez quando nós éramos governo, que encontrava vício de origem em tudo que vinha do governo. Não.


Questões que sejam importantes para o país serão discutidas por nós, aprimoradas por nós e eventualmente até aprovadas por nós. O que nós não vamos é atrapalhar, criar problemas ao desenvolvimento do país. Agora, obviamente, questões que não sejam prioritárias, obviamente, não serão apreciadas por nós com prioridade.


O que o senhor chama de prática populista do governo? O que o senhor classificaria de populismo no cenário político do Brasil de hoje?


Acho que esse viés está aí muito claro. E vamos falar objetivamente em relação, por exemplo, ao Programa de Aceleração do Crescimento. Há muita propaganda que não corresponde às ações concretas que vão sendo tomadas.


Vou te dar um exemplo, também, de algo que não me agrada: nós estamos assistindo a uma propaganda veiculada no Brasil inteiro sobre o programa Luz para Todos. Acho que nós todos estamos assistindo essa propaganda intensamente, obviamente, paga pelos cofres públicos federais, como se fosse um programa assinado pela Eletrobrás e pelo Governo Federal, pelo Brasil para Todos.


Esse programa Luz para Todos, em Minas Gerais, tem 70% dos seus recursos bancados pelo Estado de Minas Gerais. O governo (federal) entra com cerca de 30% e se apropria como se fosse ele, solitariamente, o responsável por esse programa.


Então, aqui nós sempre damos o crédito às parcerias que nós temos com o Governo Federal, fazemos isso com absoluta clareza. Essa é uma prática, que eu acho que não é adequada ao que nós chamamos de postura política adequada e correta.


Como o senhor viu as colunas que o presidente está escrevendo para os jornais e que muita gente classificou de populista?


Isso começou há poucos dias. Eu fiz até uma sugestão aos líderes do meu partido e faço aqui, de público, aos líderes do nosso principal aliado, o Democratas, acho que poderíamos solicitar, através dos nossos líderes, a esses mesmos jornais, um espaço para que possamos comentar os artigos do presidente ou as respostas que o presidente tem dado às perguntas selecionadas pelo governo central.


Não vou aqui dizer que vamos coibir o presidente de se manifestar. Se os jornais dão a ele esse espaço, que seja dado, mas acho que em benefício da democracia, para que não fique um discurso unilateral, poderia ser dado um espaço no dia seguinte para que alguém da oposição, uma liderança importante da oposição, fizesse comentários com relação ao que foi comentado.


Eu li numa dessas respostas do presidente a um questionamento sobre os recursos do PAN, sobre as denúncias que ocorreram com relação aos gastos do PAN, o presidente disse que não houve nada, que não houve nenhum desvio, e eu respeito a posição do presidente, mas seria importante que alguém que conviveu mais proximamente no Rio de Janeiro pudesse dar também a sua versão.


Acho que é uma coisa nova na mídia brasileira, mas acho que para ser completa e não passar essa idéia de que há algum tipo de vinculação desses veículos com o governo seria importante que se abrisse esse mesmo espaço para alguma liderança da oposição se manifestar. Fica aqui uma sugestão.

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