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quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Aécio Neves: “Eu sempre fui o que sou”


Pré-candidato a presidente da República pelo PSDB, o governador de Minas Gerais Aécio Neves projeta sua carreira política nacional por várias frentes. É neto de Tancredo Neves, foi deputado federal por quatro mandatos, presidiu a Câmara e agora está na segunda gestão como chefe do Executivo mineiro. Hoje enfrenta mais um embate: disputa com o governador de São Paulo José Serra a indicação para ser candidato a presidente pelo PSDB.


Aécio Neves é daqueles políticos jovens, carismáticos e que não se furta a mostrar, publicamente, o perfil de “playboy”. Aliado à imagem do político, do governador do choque de gestão (trabalho que realiza em Minas Gerais), ele também aparece nas revistas nacionais como um dos assíduos frequentadores de altas festas no eixo Rio-São Paulo: “Eu sou julgado pelo que sou. Sou a mesma pessoa, antes, durante e serei a mesma pessoa depois do Governo”, diz o governador.

Até que ponto interfere o fato de ser neto do ex-presidente Tancredo Neves?


“O fato de ser neto do presidente Tancredo (Tancredo Neves) não uso como um ativo eleitoral. Mas uso como inspiração pessoal para com a mesma retidão, com o mesmo amor ao Brasil, com a mesma convicção que a vida pública é necessária para transformar o Brasil, com os mesmos valores que faço a minha trajetória”, responde, de pronto, Aécio Neves.

O convidado de hoje do 3 por 4 é um jovem político, um governador que se empolga com a gestão que realiza, um brasileiro que sonha em governar o Brasil. Com vocês, um pouco do que pensa e planeja Aécio Neves.


O senhor é conhecido como o governador do choque de gestão. O que é um choque de gestão?


O choque de gestão é algo muito simples. É você introduzir na máquina pública instrumentos de gestão que são extremamente conhecidos no setor privado, mas que jamais, antes da nossa experiência, não haviam sido implantadas na vida pública. Na verdade, choque de gestão não é um fim, é um processo pelo qual nós estamos buscando reduzir a violência, criminalidade no Estado com grande êxito, já que voltamos a indicadores de 10 anos atrás de crimes violentos. O choque de gestão é melhorar a qualidade da saúde.


Hoje Minas Gerais tem um programa exemplar de saúde pública, é melhorar a qualidade da educação. Estamos em primeiro lugar hoje em todas as séries do ensino fundamental e do ensino médio. Então choque de gestão é você qualificar os servidores públicos e estabelecer metas para que cada um cumpra.


Eles são remunerados a partir dessas metas. Acabamos no Estado de Minas Gerais, e foi o único Estado que fez isso, com o crescimento passivo da folha salarial por tempo de serviço, biênios qüinqüênios, que o servidor acumula ao longo do tempo e incorpora ao seu salário. Hoje em Minas Gerais você só incorpora novos valores de salário se você alcançar as metas pré-estabelecidas.


O Banco Mundial tomou esse modelo como referencial para ele no mundo inteiro e tem divulgado o Estado para resultados, que como nós chamamos esse modelo, para vários países do mundo. E o que nós estamos falando é algo muito simples: gastar bem o dinheiro público. Não existe nenhuma ação de maior alcance social do que a boa aplicação do dinheiro público.


Minas Gerais está lhe credenciando a sonhar com a Presidência do Brasil?


Eu gostaria muito de introduzir algumas das ações nossas, que têm tido extremo resultado em Minas Gerais, levando nosso Governo a uma aprovação recorde, para o plano nacional. Pode ser (levar as ações) como candidato a Presidência da República, mas pode ser em outra condição também. Uma candidatura para ter êxito, principalmente a Presidência da República, não pode vir com uma candidatura imposta.


Uma candidatura vai além da própria candidatura. Hoje eu tenho levado ao PSDB as nossas experiências. Eu acho que o Brasil precisa de nova convergência política e precisamos atrair outras forças que hoje estão no campo do presidente Lula, mas que poderiam eventualmente estar conosco em torno desse novo modelo de gestão pública e acho que o PSDB tem que ir com muito vigor defender não a discussão sobre o Estado máximo ou o Estado mínimo.


É algo maior do que isso. A discussão é sobre Estado eficiente e a eficiência se transformar na melhoria da qualidade de vida do cidadão brasileiro.


A sua história político-familiar até que ponto contribui para esse sonho que o senhor acalenta de ser candidato a presidente da República?


Olha, ela (a história) me orgulha muito. Digo sempre que fui espectador privilegiado da mais bem construída articulação política já feita no hemisfério Sul, que nos levou a retomada da democracia.


Acho que o diálogo, a busca da convergência são características que eu incorporei na minha ação pessoal. O fato de ser neto do presidente Tancredo (Tancredo Neves) não uso como um ativo eleitoral. Mas uso como inspiração pessoal para com a mesma retidão, com o mesmo amor ao Brasil, com a mesma convicção que a vida pública é necessária para transformar o Brasil, com os mesmos valores tenho feito a minha trajetória.


Obviamente, que faço isso sem qualquer comparação porque qualquer comparação beiraria o ridículo. Mas eu me inspiro muito na forma com que Tancredo via o Brasil e em especial o Nordeste brasileiro.

O que contribui ou pesa no fato de ser um candidato jovem?


Acho que o Brasil precisa de algo novo. O Brasil precisa olhar para frente. As pessoas estão cansadas dessa polarização, dessa radicalização na política brasileira e dessa disputa pela paternidade de um ou outro programa. Mais do que saber quem é que fez mais se foi Fernando Henrique ou se foi Lula, o que nós temos que dizer é o que precisa ser feito. Eu quero dar a minha contribuição com a experiência desses sete anos de Governo em Minas Gerais, é algo que eu acredito que o Brasil precisa viver. Governos profissionalizados, com metas claras a serem alcançadas. E essas metas são a melhoria da qualidade de vida da população.

O que passa na cabeça de um brasileiro quando quer governar o seu país?


As pessoas não são iguais. Não trago isso como projeto pessoal meu. Acho que existe hoje uma geração de brasileiros, pós 64, com vontade de introduzir novas práticas no Brasil, olhar o Brasil como um todo com mais generosidade. Acho que o Brasil está maduro para essa nova convergência, que fuja dessa polarização que hoje domina a cena política brasileira.

O senhor é uma figura que circula muito no circuito de festas, no movimento conhecido como “playboy”, mas, ao mesmo tempo, essa imagem parece não interferir na imagem do político Aécio Neves.


Eu sempre fui o que sou. Não mudei minha vida em razão do cargo que ocupo. Pelo contrário, acho que as pessoas que alteram seu comportamento em função de alguma ambição política ou de alguma pretensão, elas falseiam, elas acabam não sendo honestas consigo próprias.


Eu sou julgado pelo que sou. Sou a mesma pessoa, antes, durante e serei a mesma pessoa depois do Governo. Trato política com extrema seriedade, busco fazer um Governo com a melhor qualidade possível e acho que os mineiros reconhecem isso, mas eu sou um homem do meu tempo. Vivo o meu tempo com muita intensidade até porque a vida é muito curta.

O que fazer para conquistar um voto?


Ser você mesmo sempre. As pessoas sabem olhar, receber e entender se as pessoas falam ou não a verdade. As pessoas sabem entender sempre. Você deve ser você sempre em todos os instantes. Para conquistar um voto é preciso ser sempre sincero, natural, não precisa se preparar para isso. O voto se conquista com naturalidade e sobretudo com sinceridade. Essa tem sido minha história e talvez por isso eu tenha conquistado 80% dos votos nas últimas eleições em Minas Gerais.

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