Projeto “De olho na Rua” chega a mais quatro bairros de BH

A Rede de Vizinhos Protegidos, criada há cinco anos a partir de um projeto da Polícia Militar de Minas Gerais, que visa melhorar a comunicação da população entre si e com os batalhões responsáveis pelo policiamento das áreas, acaba de ganhar um importante aliado: o projeto “De Olho na Rua”. A iniciativa tem como objetivo preparar melhor e aparelhar os porteiros dos prédios para agirem em casos de furtos, roubos ou até sequestros. Ela vem sendo implantada na capital mineira há quatro meses e contempla aproximadamente 115 prédios, nos bairros Belvedere, Funcionários, Coração Eucarístico e Santa Lúcia. Os próximos a fazer parte do programa serão o Gutierrez, Buritis, Cidade Nova e Floresta.
Nesta segunda-feira (16) foi realizada uma reunião na sede da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) com a presença do secretário Maurício Campos Júnior, do major Idzel Fagundes, do Comando de Policiamento da Capital (CPC) e de representantes do Sindicato do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (Secovi), como parceiro da Polícia Militar no projeto, para definição de estratégias de expansão.
O presidente da Câmara do Mercado Imobiliário de Minas Gerais e do Secovi, Ariano Cavalcanti de Paula, disse ter apresentado o modelo ao major Fagundes há cerca de dois anos. Ele conta que uma iniciativa semelhante foi implantada em Recife, Pernambuco, por sugestão do mesmo sindicato. O sucesso fez com que a prática fosse adotada por outras capitais brasileiras: Salvador, Fortaleza, Goiânia e Florianópolis. O próprio major Fagundes foi à capital pernambucana, na época, para conhecer de perto o sistema e adaptá-lo à realidade mineira.
Multiplicação
O papel da Secovi será o de atuar na multiplicação da iniciativa, uma vez que o sindicato tem boa interlocução com os condomínios. “Já temos experiência de lidar com a comunidade porque fazemos constantes reuniões com as administradoras dos edifícios. Podemos mobilizar e incentivar a participação de todos. Eventualmente, poderemos até contribuir com os treinamentos”, revelou Ariano. Como entusiasta da ideia, ele destaca que acredita em projetos de segurança pública que priorizem a participação da comunidade.
O major Fagundes explicou que o “De Olho na Rua” irá viabilizar redes de rádio-comunicadores entre os porteiros. Os equipamentos vão operar na mesma frequência das viaturas que atendem a região. Ou seja, funcionários de condomínios próximos poderão trocar informações entre si a respeito de situações suspeitas e, caso seja necessário, acionar rapidamente a unidade policial mais próxima. “O porteiro não terá acesso à frequência da PM, mas nós teremos acesso às mensagens trocadas por eles.”
O principal canal de comunicação da população com a Polícia Militar, conforme destaca o major, continuará sendo o telefone 190. Ele ressalta que o uso do rádio na comunicação entre os porteiros terá um papel importante, na medida em que possibilitará aos policiais chegar ao local do fato antes que o crime aconteça. “A implantação do projeto não se deve a nenhum aumento de ocorrências nos bairros, mas caracteriza-se por ser uma ação de caráter eminentemente preventivo”, acrescenta.
Interesse
O critério para a escolha das regiões foi o interesse dos próprios moradores, manifestado através do número de demandas recebidas pela Polícia Militar por parte da comunidade. Os interessados em fazer parte do projeto “De Olho na Rua”, devem procurar a Companhia de Polícia responsável pela região onde mora. É preciso reunir no mínimo quatro prédios, todos com porteiro 24 horas.
Os funcionários destacados passam por um treinamento de três horas-aula onde recebem dicas de segurança, de direitos humanos, aprendem a identificar pessoas suspeitas e a utilizar os rádio-comunicadores. Além disso, os prédios que fazem parte do projeto têm reuniões periódicas com a Polícia Militar, para que policiais e moradores se conheçam, fiquem mais próximos, atualizem informações e aprimorem as dicas de segurança.
Embora ainda não haja estatísticas oficiais, o major Fagundes garante que o projeto já está contribuindo para a redução da criminalidade nas áreas onde foi implantado. O resultado mais visível é uma maior presença de pessoas nas ruas, praças e avenidas, fazendo cooper ou passeando com a família. “Há uma sensível redução do medo do crime. As pessoas passam a se sentir mais seguras e o conceito do policiamento comunitário é reforçado”, conclui.
O secretário Maurício Campos demonstrou entusiasmo pelo projeto, reforçando a necessidade da participação efetiva da população na empreitada. Ele estará presente no evento que irá expandir a ação para os bairros Gutierrez e Buritis, no próximo dia 25 de novembro, na sede do Secovi.
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